História de Milho

História de Milho

Esta é uma pequena história que fica de aprendizado profundo para que percebamos que às vezes um animal pode ser muito mais do que alguém ou um paciente ao qual destinamos nosso carinho e cuidados. Ele também é um veículo cuja missão alcança vastos horizontes.

Há 2 meses atrás, indo à padaria, num dia de chuva, encontro, claro, um gatinho em baixo do carro estacionado à frente de minha residência, miando, com frio e muito arisco. Comovida, ao comprar meus pãezinhos para o café da tarde, pedi umas 100 gramas de peito de peru, e retornando, "lancei" os mesmos para que o gato saciasse sua fome. Um pingo de gato.

Faminto, ele "aspirou" todo aquele banquete, quando então retornei à minha casa, já pensando o que fazer....

Dia seguinte, o gatinho estava lá, dormindo no calor do motor dos veículos estacionados, aguardando por alguma alma boa. E assim foram muitos dias...

O grande problema até aqui era o fato do gato, por ser medroso, fugir à menor aproximação, e com isso atravessar a rua sem noção de segurança.

Com o passar dos dias, como alguns já sabem, tenho feito uma rotina a questão da meditação para alcançar o equilíbrio mental e assim tranquilizar a mente para absorver as mensagens do universo e encontrar respostas mais sábias, ou "teleguiadas", como acharem melhor, senti que algo diferente iria ocorrer com aquele gatinho.

Todos os dias então, pela manhã, eu descia à frente do prédio para levar ração(não mais peru), e um pouco de leite. Escolhi um poste logo perto de casa como ponto de alimentação, já que temia que as pessoas da vizinhança pudessem desgostar de ver restos de alimento próximos de sua casa.

E aí começa tudo...

Os dias seguiram com um sol reconfortante, então assim, eu aliava a questão do alimentar o animal com uma oportunidade de tomar um sol matutino, coisas que quem trabalha em escritório pouco tem condições de fazê-lo. Assim, eu punha a comida, próximo ao poste, me afastava, sentando na calçada, sem preconceitos, tomando o meu sol e interagindo confiança ao bichinho.

E eis que então, diante desta nova rotina, comecei a conhecer, por conta do gato, muitos da minha vizinhança.

Pra ser bem sincera, quem quer que passasse pelo animal, sempre movia um ar de compaixão, e então, as conversas e apresentações foram surgindo...

Conheci o dono do restaurante ao lado, cuja esposa também era protetora; um senhor antigo do bairro, que inclusive conhecera uma das mães referidas no filme de Chico Xavier, descobri que existia um centro espírita em minha rua que faz um trabalho belíssimo com crianças carentes ao qual jamais visualizei (ao menos por fachada que o indicasse), conheci uma estudante de veterinária moradora próxima, uma fotógrafa de noivas, enfim...Todas as pessoas que iniciei contato por conta do gato, ou por conta de minha atitude de expandir somadas ao meu positivismo energético, me fizeram ver o quanto o bom existe, basta que decidimos ver ou nos abrir.

Mas as coisas não param por aí.

Num dia, recebendo uma amiga que estava tanto abalada com seu término de relacionamento, pedi que ela descesse comigo para alimentar o animal. Por conta disto, naquele momento, entrara uma moradora no edifício, que, comovida pela energia que o gato causava, sentou-se ao meu lado e de minha amiga, e, por sincronicidade, iniciou-se então uma série de identificações de vivências entre ambas.

Conversas se aprofundando,onde quem as visse julgaria grandes amigas, ela (minha amiga), por conta do "ser em comum" - o gato (Lindão, agora Milho), fizeram com que a vizinha subisse à sua residência para presentear minha amiga com 2 livros de Louise Hay.

Gente! Olha até onde vai a extensão das coisas. Você imaginaria que o simples ato de descer e levar comida a um animal pudesse desencadear outros fatos além?

Bom, amizades novas iniciadas à parte, pois depois disto se tornaram amigas, começamos (eu e alguns moradores) a nos mobilizar unidos à respeito do gatinho, e eu, claro, continuei com a incumbência já iniciada naturalmente (como diz Saint Exupèry "Você é responsável por tudo aquilo que cativas") de ganhar a confiança do bichano para que então arranjássemos um lar.

A cada dia, eu ia levar então comida ao animal, que claro, não sairia dalí tão cedo, criando uma rotina, sempre no mesmo horário. Ele então comia, e ia ficando mais próximo, dia a dia de minha presença. Até que então, nesta atividade, fui descobrindo que as pessoas de meu prédio, além dos vizinhos, também estavam o alimentando. Então, nova etapa seguiu. Da rua para o prédio,o gato se tornava coletivo.

Aí vocês imaginem que bacana! Um morador se mobilizara à vacinar, outro vermifugar, outro castrar, e todos à procura de um dono. Mas aí, entraria uma outra questão. Como pegar o gato, castrar, e trazê-lo novamente ao vazio sem lar?

Decidida, eu comecei a trabalhar uma aproximação mais intensa com o bichinho, indo levar comida várias vezes ao dia, de forma que ele fosse se acostumando comigo, até que Bingo! Consegui pegá-lo, fazer um carinho.

Num domingo, ao levar comida, encontrei um casal, morador do prédio, que encantado com o animal, estava então decidido à adotá-lo, porém desabafando a questão de que quando eles tentavam entrar com ele no colo pelo hall para leva-lo ao apto, ele fugia como louco. Percebi então que para lidar com esta intimidade do felino era comigo mesmo...

Combinamos então que eu o pegaria e levaria ao seu novo lar no domingo.

No dia anterior, chovera muito...Ô dó! Claro, que bicho de rua sabe se virar, mas imaginar aquele gatinho passando frio, era um sofrimento profundo pra mim...

Peguei então um iglu dos meus bichanos, e arquitetando um local que não desse na vista, encontrei um lugar em baixo do banco de cimento do parquinho, onde poderia colocá-lo, de forma a não tomar chuva e vento, não molhar sua comida e abrigá-lo ao mesmo tempo.

Peguei o gato, e levei-o lá. Por lá ele então ficara por mais ou menos umas 5 horas, quentinho e satisfeito...

E olha só. Este processo da chuva, da caminha improvisada, foi o fator decisivo para que ele ganhasse minha confiança e eu pudesse pegá-lo para levar ao seu dono.

Dia seguinte, conversei com o gato.

Eu sempre conversava com ele, cantava-lhe mantras, nos quais ele fechava os olhos e suspirava... Disse-lhe que havia um dono interessado em lhe dar um lar, mas que se sentisse que não queria, que ao menos desse um sinal. (Quem já ouviu os áudios de Dra. Sheila Waligora no meu e-book "Veterinários no Divã" sabe do que estou falando)

Encontrei o casal interessado à tarde, e combinei então de imediatamente pegar o animal, conforme minha "terapia da paciência".

Desci ao térreo, já com a bolsa de viagem para animais, peguei os cobertores que o gato havia dormido no dia de chuva (e que com isso já havia seu cheirinho promovendo segurança), peguei o gato no colo com todo carinho e...segredinhos e técnicas à parte...pronto! o gato já estava pronto para seguir ao seu novo lar!

Subi tranquilamente, com o animal à sua nova casa.

Gente do céu! Que pessoa bacana!

Todo cheio de cuidados e mimos. Senti que os 2, ou melhor, os 2 (o casal + o gato) foram feitos uns para os outros realmente.

Claro, por conta de todo trabalho intenso com o bichano, escrevi um pequeno manualzinho para o novo dono, inclusive indicando os vets queridos Dra. Ione e Dr. Valdir, parceiros cujos dados encontram-se no menu ao lado.

Já soube que o bichano está bem cuidado, tomou banho, vermífugo e tudo mais, e creio que meu trabalho de domesticação passo a passo tenha servido para que o bichano nada estranhasse a mudança de rotina: sem miados à noite nos primeiros dias, ou qualquer estranhamento, já que antes tinha um jardim imenso para brincar e agora um apto telado para morar...

Vejam quanta coisa acontecera como que uma rede, após um simples passo adiante.

Com isso, meus queridos, vejam vocês, como muitas vezes a oportunidade de se tratar de um animal, envolve tantas outras oportunidades...De repente por exemplo, aquele animal que vêm para seu tratamento ou cuidado (no caso de veterinários), irá lhe trazer outras oportunidades para além campos...E sabem o que isto?

Energia, sincronicidade, holismo.

Tudo tem uma finalidade muito maior na nossa vida, tornando a vida muito mais do que simples matemática.

Safih Quelbert

www.veterinariosnodiva.com.br

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